Já aconteceu de você entrar em uma loja ou elevador e sentir aquela dor de cabeça irritante por causa do perfume de alguém? Ou talvez seja você mesma que precise tomar cuidado com as fragrâncias que usa para evitar uma enxaqueca terrível? Se você se identificou com alguma dessas situações, saiba que não está sozinha – e a ciência explica o porquê disso acontecer!
Quando sentimos um aroma, não é apenas nosso sistema olfativo que entra em ação. O nervo trigêmeo, responsável por grande parte da sensibilidade do nosso rosto, também participa dessa experiência. Em algumas pessoas, esse nervo é mais sensível aos compostos químicos presentes nos perfumes (especialmente os VOCs - compostos orgânicos voláteis), e sua estimulação pode desencadear uma cascata de eventos que resulta em enxaqueca. Além disso, as fragrâncias podem irritar diretamente a mucosa nasal e as vias respiratórias, provocando uma resposta inflamatória que contribui para a dor de cabeça.
A concentração da fragrância em um perfume pode fazer toda diferença na intensidade dos sintomas. Quanto mais concentrado o perfume, maior a quantidade de compostos voláteis liberados no ar e, consequentemente, maior o risco de desencadear uma crise. É por isso que algumas pessoas conseguem usar perfumes bem suaves, mas passam mal com fragrâncias mais intensas. No entanto, é importante lembrar que mesmo versões mais diluídas podem causar desconforto em pessoas muito sensíveis.
E aqui vem uma surpresa para muita gente: cada pessoa pode ter sensibilidade a compostos diferentes! Enquanto sua amiga pode usar tranquilamente um perfume floral, ele pode ser gatilho certeiro de enxaqueca para você. E o contrário também é verdadeiro. Essa sensibilidade individual pode até mesmo se desenvolver ou mudar ao longo do tempo, e algumas pessoas podem ser sensíveis a vários compostos diferentes ao mesmo tempo.
Outro ponto importante é desmistificar a questão do "natural versus sintético". Muita gente pensa que produtos naturais são sempre mais seguros, mas não é bem assim! Na verdade: 1) natural não significa necessariamente mais seguro; 2) alguns compostos naturais podem ser até mais potentes que os sintéticos; 3) a pureza e concentração são fatores mais relevantes que a origem; e 4) compostos naturais podem ser tão voláteis quanto os sintéticos. Óleos essenciais de citrus, lavanda ou hortelã-pimenta, por exemplo, podem ser tão desencadeadores de enxaqueca quanto fragrâncias sintéticas.
A forma como o perfume é formulado também faz diferença. Perfumes com base alcoólica, os mais comuns, tendem a ter maior volatilidade e dispersão no ar, aumentando as chances de provocar enxaqueca. Já as versões em base aquosa têm dispersão mais suave e gradual, podendo ser mais toleráveis. Os perfumes sólidos são geralmente a opção mais segura para pessoas sensíveis, pois têm volatilidade menor e ficam mais próximos à pele.
Para quem sofre com sensibilidade a perfumes, algumas dicas podem ajudar: prefira perfumes sólidos ou em base aquosa; se optar por alcoólicos procure os de baixa concentração; faça sempre um teste em pequena área antes de usar uma nova fragrância; mantenha os ambientes bem ventilados; opte por produtos sem fragrância para uso diário; e não hesite em comunicar sua sensibilidade a amigos e colegas de trabalho. Afinal, cuidar do nosso bem-estar deve ser sempre a prioridade!